quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Rostros


Citando o indizível como mensagem de aba, desta contra-capa desfocada! Dias passam, entre segundos e fótons, deixando a cara, perplexa, cada vez menos assustada. Sim, mesmo que os dias causem a nauseabunda perplexidade de quem se aproxima de um cadáver, causa cada vez menos espanto, ao tornarem-se os dias cada vez mais normativos...
Aí, ficamos sem a noção do que seria novo, já que todas as coisas parecem seguir uma ordem natural, não sei de quê, ou quem. Nos perdemos, como perdemos a nós mesmos, sem a opção dos bolsos como porta-mistérios. Esquecemos retornos, perambulamos por caminhos ora tortuosos, ora confortáveis... Acostumamo-nos, e depois, nem reparamos que já não somos nós a viver.
Somos aquele cara velho, Aquela tia chata, aquele barrigudo triste... Aí, perdemos tempo em análises caras, interpretamos músicas para chorar depois "diz tanto sobre mim!", lemos poemas e notícias com a mesma avidez por respostas.
E assim vai... A personalidade cada vez mais concisa, no entanto, mais e mais dissolvida na Personalidade coletiva...
" (...) eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida a minha face?" (Cecília Meireles)